sábado, 14 de janeiro de 2012

RACHEL DE QUEIROZ E FUZILEIROS NAVAIS: UMA PAIXÃO

O Ceará, em 17 de novembro de 1910, foi o berço onde nasceu uma menina brilhante que, mais tarde se tornou a grande dama da nossa literatura: Rachel de Queiroz.
Rachel de Queiroz, apesar de possuir pouco estudo serviu de exemplo para muitos, pois foi a primeira mulher a entrar para Academia Brasileira de Letras, em 1977, ocupando a cadeira de número 5. Segundo Arnaldo Niskier, ela sempre foi uma ótima acadêmica porque, além de demonstrar orgulho por estar ali, entre muitos homens, demonstrava-se sempre disposta, alegre, carinhosa, meiga, doce e sincera com todos, principalmente, quando se reunia nos chás das quintas-feiras com alguns integrantes da ABL. E, Rachel não é só fonte de inspiração para adultos. Hoje, é muito admirada por jovens que possuem uma paixão por bons escritores, pessoas que escrevem com a alma, assim como ela escreveu o romance “O Quinze”, no qual retrata a dura seca que afetou o Ceará em 1915.
Apesar de ter passado por momentos de grandes dificuldades, como ter sido presa, por fazer parte de um grupo comunista e perder a única filha e o marido, Oyama de Macedo, com quem conviveu 42 anos, Rachel não perdeu o entusiasmo, mantendo-se uma mulher forte, enfrentando todos os obstáculos e encantando a vida de muitas pessoas com seus maravilhosos e emocionantes livros.
O Corpo de Fuzileiros Navais era para ela uma grande paixão que não se excedeu à toa, pois os fuzileiros fazem um lindo trabalho há 150 anos. Quando tudo parece perdido, eles estão ali, prontos para resolver a questão. E, quando menos se espera, eles surgem como anjos protetores. Não há guerra sem fuzileiro! Eles foram e são indispensáveis em todas as situações difíceis que o Brasil já enfrentou e enfrenta. Assim, seria um equívoco imperdoável confundi-los com tropa colonial ou instrumento de tirania, pois sempre que lutaram foi em defesa da pátria.
A cada encontro deles com Rachel, estreitava-se o laço de amizade especial, pois renovavam a ternura e o amor que sentiam pela escritora a quem chamavam carinhosamente de madrinha.
Rachel de Queiroz, no andar superior onde se encontra, certamente está olhando por nós, seus leitores fiéis e pelos fuzileiros que a ajudaram no momento em que embarcava para o céu... – Foram eles que, com seus trajes de gala, usados apenas em ocasiões especiais, conduziram a madrinha querida à última morada, embalando-a com a marcha fúnebre...
Dessa forma, após todas as homenagens que ela já fez os fuzileiros eles continuarão aqui, não prestando uma homenagem individual e oculta, mas sim, dando a muitos a oportunidade de conhecer a mulher brilhante que foi Rachel de Queiroz.
Por fim, se a nossa sensibilidade pudesse nos fazer ouvir as palavras dos que já não estão neste mundo, certamente seríamos capazes de ouvir a madrinha dos fuzileiros dizendo emocionada: “Quando se houverem acabado os soldados do mundo – quando reinar a paz absoluta – que fiquem pelo menos os fuzileiros, como exemplo de tudo de belo e fascinante que eles foram.”

Evellyn Ponciano.

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